O debate sobre as mudanças climáticas se intensifica a cada dia, e com ele, a necessidade de identificar os principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa.
Embora a responsabilidade seja compartilhada por governos, empresas e indivíduos, um número relativamente pequeno de corporações se destaca como os maiores emissores de carbono do planeta.
Mas quem são esses “gigantes do carbono” e como suas ações impactam diretamente o Brasil?
É crucial reconhecer que a concentração de emissões em um número limitado de empresas não exime a responsabilidade de outros atores. No entanto, essa constatação destaca a necessidade de uma ação direcionada e urgente sobre esses “gigantes do carbono”. Afinal, suas decisões e práticas têm um impacto desproporcional no clima global e, consequentemente, no futuro do planeta.
Para entender melhor quem são esses gigantes, é preciso conhecer o Carbon Majors Database.
Esse banco de dados, originalmente criado por Richard Heede, do Climate Accountability Institute (CAI), e agora mantido e atualizado pela InfluenceMap, rastreia dados históricos de produção de 122 dos maiores produtores mundiais de petróleo, gás, carvão e cimento.
O objetivo é quantificar as emissões operacionais diretas ligadas à produção e as emissões da combustão de produtos comercializados que podem ser atribuídas a essas entidades.
Quem são os maiores emissores globais?

De acordo com a atualização mais recente do banco de dados Carbon Majors, produzida pela InfluenceMap, apenas 36 empresas estão ligadas a mais da metade das emissões globais de carbono.
Em 2023, o total de emissões aumentou 0,7% em comparação com 2022.
Os cinco maiores emissores de entidades estatais incluíram:
- Saudi Aramco
- Coal India
- CHN Energy
- National Iranian Oil Co.
- Jinneng Group
Enquanto os cinco maiores emissores de empresas de propriedade de investidores para 2023 incluíram ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP.
Esses números revelam uma concentração significativa de emissões em um pequeno grupo de empresas.
A análise desses dados nos permite direcionar o foco para as ações e políticas dessas corporações, buscando entender como elas estão contribuindo para a crise climática e o que estão fazendo para mitigar seus impactos.
O impacto no Brasil

Embora muitas dessas empresas não sejam brasileiras, suas ações têm um impacto direto no Brasil.
As mudanças climáticas, impulsionadas pelas emissões de gases de efeito estufa, afetam o país de diversas formas:
- Eventos climáticos extremos: O aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas, inundações e tempestades, causa prejuízos econômicos, sociais e ambientais no Brasil. A agricultura, a infraestrutura e a saúde pública são especialmente vulneráveis.
- Desmatamento e queimadas: A busca por novas áreas para a produção agropecuária, muitas vezes impulsionada pela demanda global por commodities, leva ao desmatamento e às queimadas, que liberam grandes quantidades de carbono na atmosfera e destroem ecossistemas importantes, como a Amazônia.
- Aumento do nível do mar: O aumento do nível do mar ameaça cidades costeiras e ecossistemas marinhos no Brasil. A erosão costeira, a salinização de aquíferos e a perda de áreas de mangue são alguns dos impactos já observados.
Carvão, petróleo e cimento: os vilões da história
Em 2023, o carvão foi responsável pela maior quantidade de emissões, cerca de 41,1% de todas as emissões no banco de dados.
As emissões relacionadas ao cimento tiveram a maior taxa de aumento, 6,5%, desde 2022.
Esses dados revelam a importância de acelerar a transição para fontes de energia renovável e de buscar alternativas mais sustentáveis para a produção de cimento.
A dependência contínua de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, é um dos principais obstáculos para a mitigação das mudanças climáticas.
A queima desses combustíveis libera grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, intensificando o efeito estufa e elevando a temperatura global.
O que podemos fazer?
Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade civil, os governos e as empresas trabalhem juntos para enfrentar a crise climática. Algumas ações que podem ser tomadas incluem:
- Pressão sobre as empresas: Exigir que as empresas mais poluentes adotem metas ambiciosas de redução de emissões e invistam em tecnologias limpas.
- Apoio a políticas públicas: Defender políticas públicas que incentivem a transição para uma economia de baixo carbono, como a taxação de emissões de carbono e o investimento em energias renováveis.
- Mudanças nos hábitos de consumo: Adotar hábitos de consumo mais sustentáveis, como reduzir o consumo de carne, utilizar transporte público e evitar o desperdício de alimentos.
Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, alerta:
“As emissões globais de GEE continuam a aumentar, com mais da metade de todas as emissões de CO2 fóssil provenientes de apenas 36 empresas, como revelam as últimas descobertas da InfluenceMap“.
Essa declaração reforça a necessidade de responsabilizar as empresas que mais contribuem para a crise climática e de exigir ações mais ambiciosas para reduzir as emissões.
O papel do Brasil na luta contra as mudanças climáticas
O Brasil tem um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas.
O país possui uma grande diversidade de recursos naturais, como a Amazônia, que desempenha um papel crucial na regulação do clima global.
Além disso, o Brasil tem um grande potencial para a geração de energia renovável, como a solar e a eólica.
Para cumprir seu papel, o Brasil precisa fortalecer suas políticas ambientais, combater o desmatamento e as queimadas, investir em energias renováveis e promover a agricultura sustentável.
É preciso também que o país se posicione de forma firme nas negociações internacionais sobre o clima, defendendo metas ambiciosas de redução de emissões e cobrando responsabilidade dos países desenvolvidos.
O futuro do planeta está em jogo
A crise climática é um dos maiores desafios da nossa era. As ações que tomarmos nos próximos anos serão decisivas para o futuro do planeta.
É preciso que todos façam sua parte, desde os governos e as empresas até os indivíduos.
Somente assim será possível construir um futuro mais sustentável e garantir um planeta habitável para as futuras gerações.
Se não agirmos de forma rápida e decisiva, esses impactos se intensificarão, ameaçando a segurança alimentar, a saúde humana e a estabilidade social.
A transição para uma economia de baixo carbono, o investimento em energias renováveis e a proteção dos ecossistemas naturais são medidas essenciais para garantir um futuro sustentável para o planeta.