A conservação da vida selvagem enfrenta um desafio crítico: a falta de recursos financeiros. Em 2025, o tema do Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado em 3 de março, é um chamado urgente para investir nas pessoas e no planeta.
A crise da biodiversidade exige ação imediata, e o financiamento adequado é essencial para reverter a perda de espécies e ecossistemas.
A urgência da crise da biodiversidade
Mais de 1 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, de acordo com dados da ONU de 2024. Essa perda alarmante é impulsionada por uma tripla crise planetária: mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição.
Esses problemas estão interligados e se agravam mutuamente, colocando em risco a saúde do planeta e o bem-estar humano.
As mudanças climáticas alteram os habitats naturais, tornando-os inadequados para muitas espécies.
A perda de biodiversidade, por sua vez, enfraquece os ecossistemas, tornando-os menos resilientes às mudanças climáticas e outros estresses. A poluição, por fim, contamina o ar, a água e o solo, afetando a saúde de animais e plantas.
É importante reconhecer que a conservação da vida selvagem não é apenas uma questão ambiental isolada, mas sim um pilar fundamental para a sustentabilidade global. A saúde dos ecossistemas está intrinsecamente ligada à estabilidade econômica e ao bem-estar social. Ignorar a necessidade de financiamento adequado para a conservação é negligenciar a base sobre a qual construímos nossas sociedades e economias.
O marco global de biodiversidade
Em 2022, a 15ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, realizada em Montreal, Canadá, adotou o Marco Global de Biodiversidade.
Esse acordo histórico estabelece metas ambiciosas para proteger a biodiversidade até 2030, incluindo a conservação de 30% das áreas terrestres e marinhas do planeta.
O Marco Global de Biodiversidade reconhece que a conservação da vida selvagem é essencial para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar humano.
Ele também destaca a importância de envolver as comunidades locais e os povos indígenas na gestão da biodiversidade.
A barreira do financiamento inadequado
Apesar da urgência da crise da biodiversidade e da existência de acordos ambiciosos como o Marco Global de Biodiversidade, a falta de financiamento continua sendo uma barreira significativa para a conservação da vida selvagem.
Muitos projetos de conservação não conseguem obter os recursos necessários para serem implementados de forma eficaz.
A falta de financiamento afeta todas as áreas da conservação, desde a pesquisa científica até a proteção de habitats e o combate à caça ilegal.
Sem recursos adequados, é difícil monitorar as populações de espécies ameaçadas, restaurar ecossistemas degradados e aplicar leis ambientais.
Exemplos de projetos bem-sucedidos

Apesar dos desafios, existem muitos exemplos de projetos de conservação bem-sucedidos que obtiveram financiamento e alcançaram resultados positivos.
Esses projetos demonstram que, com recursos adequados, é possível reverter a perda de biodiversidade e proteger a vida selvagem.
Um exemplo é o projeto de Restauração da Mata Atlântica, que visa recuperar áreas degradadas desse importante bioma brasileiro. O projeto recebeu financiamento de diversas fontes, incluindo o governo federal, empresas privadas e organizações não governamentais.
Outro exemplo é o projeto de conservação da ararinha-azul, uma espécie de ave que foi extinta na natureza e está sendo reintroduzida no Brasil.
O projeto recebeu financiamento de diversas fontes, incluindo o governo federal, o governo da Alemanha e organizações não governamentais.
Formas de aumentar o investimento na área

Existem diversas formas de aumentar o investimento na conservação da vida selvagem.
Uma delas é aumentar o financiamento público, destinando mais recursos do orçamento governamental para a área.
Outra forma é incentivar o investimento privado, oferecendo incentivos fiscais para empresas que apoiam projetos de conservação. Também é importante fortalecer as parcerias entre o setor público, o setor privado e as organizações não governamentais.
Além disso, é fundamental aumentar a conscientização do público sobre a importância da conservação da vida selvagem.
Quanto mais as pessoas entenderem os benefícios da conservação, maior será o apoio político e financeiro para a área.
A importância do dia mundial da vida selvagem
O Dia Mundial da Vida Selvagem é uma oportunidade importante para aumentar a conscientização sobre a importância da conservação da vida selvagem e mobilizar apoio para a área.
A data é celebrada anualmente em 3 de março e oferece uma plataforma para governos, organizações não governamentais, empresas e indivíduos se unirem em defesa da vida selvagem.
Em 2025, o tema do Dia Mundial da Vida Selvagem é “Financiamento da conservação da vida selvagem. Investir nas pessoas e no planeta“.
Esse tema destaca a importância de investir em soluções baseadas na natureza, que beneficiam tanto a vida selvagem quanto as comunidades humanas.
O papel do Brasil
O Brasil desempenha um papel fundamental na conservação da vida selvagem, abrigando uma das maiores biodiversidades do planeta.
O país possui uma vasta rede de áreas protegidas, que cobrem cerca de 17% do território nacional.
No entanto, a conservação da vida selvagem no Brasil enfrenta diversos desafios, incluindo o desmatamento, a expansão agrícola, a mineração ilegal e a caça ilegal.
Para superar esses desafios, é fundamental aumentar o investimento na área e fortalecer as políticas públicas de conservação.
Ação individual
Cada um de nós pode contribuir para a conservação da vida selvagem.
Podemos reduzir o consumo de produtos que ameaçam espécies, apoiar organizações de conservação, denunciar crimes ambientais e aumentar a conscientização sobre a importância da conservação.
Ao tomar medidas simples em nosso dia a dia, podemos fazer a diferença e ajudar a proteger a vida selvagem para as futuras gerações.
A visão de especialistas
Marta Brito Guimarães, presidente da Comissão Técnica de Animais Selvagens e Pets Não Convencionais do CRMV-SP, destaca: “A criação de uma data para celebrar a vida selvagem em nível mundial nos proporciona uma oportunidade de reflexão e ação, lembrando a todos nós da importância desse tema vital para o futuro do planeta.”
Ricardo Augusto Dias, médico-veterinário, professor da USP e coordenador do projeto Biorrepositório Nacional da Biodiversidade – Bionabio, considera a iniciativa positiva, mas ainda tímida diante da magnitude do problema.
Ele afirma que a data é pouco conhecida pelo público em geral e até mesmo por alguns médicos-veterinários
Análise de dados da onu sobre espécies ameaçadas
A tripla crise planetária – mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição – atua como um catalisador, intensificando as pressões sobre os ecossistemas e acelerando o ritmo da extinção.
As mudanças climáticas, impulsionadas pela emissão de gases de efeito estufa, estão alterando os padrões climáticos em todo o mundo.
O aumento das temperaturas, o aumento do nível do mar, a intensificação de eventos climáticos extremos como secas, inundações e tempestades, estão transformando os habitats naturais, tornando-os inadequados para muitas espécies.
Animais e plantas que evoluíram ao longo de milhares de anos para se adaptarem a condições específicas agora enfrentam a impossibilidade de se ajustar rapidamente a essas mudanças abruptas.
A perda de biodiversidade, por sua vez, enfraquece a resiliência dos ecossistemas.
Teia da vida ameaçada: como a poluição destrói a biodiversidade
Cada espécie desempenha um papel único e insubstituível na teia da vida. Quando uma espécie desaparece, o equilíbrio do ecossistema é perturbado, tornando-o mais vulnerável a outras ameaças.
A perda de polinizadores, por exemplo, pode comprometer a produção de alimentos, enquanto a destruição de florestas pode levar à erosão do solo e à perda de água.
A poluição, em todas as suas formas, também contribui para a crise da biodiversidade.
A poluição do ar causa danos à saúde de animais e plantas, a poluição da água contamina rios e oceanos, matando a vida marinha, e a poluição do solo impede o crescimento de plantas e contamina os alimentos que consumimos.
A poluição por plásticos, em particular, representa uma ameaça crescente, com milhões de toneladas de plástico sendo despejadas nos oceanos a cada ano, sufocando animais marinhos e contaminando a cadeia alimentar.
Proteger a biodiversidade é proteger nosso futuro
A análise desses dados da ONU revela que a crise da biodiversidade não é apenas um problema ambiental, mas também um problema econômico e social.
A perda de espécies e ecossistemas pode ter consequências devastadoras para a agricultura, a pesca, o turismo e outras atividades econômicas que dependem da natureza.
Além disso, a perda de biodiversidade pode agravar a pobreza e a desigualdade, afetando principalmente as comunidades mais vulneráveis que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.
A conservação da vida selvagem não é apenas uma questão de proteger animais e plantas, mas também de garantir um futuro sustentável para a humanidade. Ao proteger a biodiversidade, estamos protegendo a nós mesmos.
Fontes