No setor agropecuário, os eventos como: secas prolongadas, inundações devastadoras e ondas de calor intensas representam um risco constante, ameaçando a produção de alimentos, a renda dos produtores e a segurança alimentar da população.
Nesse cenário, o acesso a seguros climáticos se torna um direito para os produtores rurais, permitindo que eles protejam seus investimentos e garantam a continuidade de suas atividades em face das adversidades climáticas.
No entanto, o setor de seguros enfrenta o desafio de criar alternativas de proteção sustentáveis, que incentivem a adoção de práticas agrícolas mais resilientes e de baixa emissão de carbono.
E é aí que entra a pecuária sustentável.
Ao adotar técnicas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e promovem a conservação dos recursos naturais, os pecuaristas não apenas contribuem para a mitigação das mudanças climáticas, mas também tornam suas propriedades mais resilientes aos seus impactos, facilitando o acesso a seguros mais acessíveis e adequados às suas necessidades.
É importante reconhecer que a sustentabilidade na pecuária não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica. A adoção de práticas sustentáveis pode reduzir custos de produção, aumentar a eficiência e a produtividade, e abrir novas oportunidades de mercado para os produtores. Além disso, a pecuária sustentável pode contribuir para a valorização da imagem do setor agropecuário brasileiro, fortalecendo a sua competitividade no mercado internacional.
Pecuária sustentável como solução para a resiliência climática

A pecuária sustentável se apresenta como uma solução para aumentar a resiliência climática do setor agropecuário e facilitar o acesso a seguros mais acessíveis.
Ao adotar práticas que reduzem as emissões de GEE e promovem a conservação dos recursos naturais, os pecuaristas tornam suas propriedades mais resilientes aos impactos climáticos e contribuem para a mitigação das mudanças climáticas.
Um projeto desenvolvido pela Apta Regional de Colina com apoio da Fundepag, em colaboração com a Unesp, CSAP e Alltech, busca transformar a pecuária brasileira através da implementação de tecnologias que aumentem a eficiência bioeconômica e a sustentabilidade.
O foco está na avaliação de alternativas ao uso de antibióticos, introdução de alimentos alternativos e no impacto da recria na eficiência da terminação dos animais.
Flávio Dutra de Resende, zootecnista e coordenador do projeto, explica que o estado de São Paulo é um cenário ideal para inovações na pecuária devido à sua capacidade de processamento industrial e à diversidade de alimentos alternativos.
Práticas de pecuária sustentável que reduzem os riscos climáticos

Diversas práticas de pecuária sustentável podem contribuir para a redução dos riscos climáticos e facilitar o acesso a seguros mais acessíveis. Entre elas, destacam-se:
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): A ILPF é um sistema de produção que integra diferentes atividades agrícolas, como a produção de grãos, a criação de animais e o plantio de árvores, em uma mesma área. Esse sistema promove a diversificação da produção, a conservação do solo e da água, a redução das emissões de GEE e o aumento da resiliência climática.
- Manejo Sustentável do Pastoreio: O manejo sustentável do pastoreio consiste em adotar práticas que promovam a recuperação e a conservação das pastagens, evitando o sobrepastejo e o pisoteio excessivo do solo. Essas práticas contribuem para a melhoria da qualidade do solo, o aumento da capacidade de infiltração da água, a redução da erosão e a mitigação das emissões de GEE.
- Uso de Alimentos Alternativos: A utilização de alimentos alternativos na dieta dos animais, como subprodutos agroindustriais e plantas nativas, pode reduzir a dependência de grãos e outros alimentos convencionais, diminuindo os custos de produção e as emissões de GEE.
- Melhoramento Genético: O melhoramento genético dos animais pode selecionar indivíduos mais eficientes na conversão de alimentos em carne e leite, reduzindo as emissões de GEE por unidade de produto. Além disso, o melhoramento genético pode selecionar animais mais adaptados às condições climáticas locais, aumentando a resiliência do rebanho.
O papel da Embrapa na promoção da pecuária sustentável
A Embrapa Pecuária Sudeste recebeu mais de 100 estrangeiros de 25 países em 2024 para apresentar pesquisas sustentáveis, com foco na experiência brasileira para a descarbonização da pecuária e tecnologias para mitigar os Gases de Efeito Estufa (GEE).
As pesquisas da Embrapa Pecuária Sudeste nas áreas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) na Fazenda Canchim têm demonstrado o potencial da ILPF para aumentar a produtividade da pecuária, reduzir as emissões de GEE e melhorar a qualidade do solo e da água.
Esses estudos têm demonstrado que a ILPF pode ser uma alternativa viável e sustentável para a produção de carne e leite, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a adaptação aos seus impactos.
O futuro do agro: seguros climáticos e pecuária sustentável
A crise climática representa um desafio para o setor agropecuário, mas também uma oportunidade para a transformação.
Ao adotar práticas de pecuária sustentável e investir em seguros climáticos, os produtores rurais podem proteger seus investimentos, garantir a continuidade de suas atividades e contribuir para um futuro mais resiliente e sustentável.
A combinação de seguros climáticos e pecuária sustentável é uma estratégia promissora para enfrentar os desafios climáticos e garantir a segurança alimentar da população.
Ao adotar essa abordagem, o setor agropecuário pode se tornar mais resiliente, eficiente e sustentável, contribuindo para um futuro mais próspero para todos.
Fontes: